segunda-feira, 21 de abril de 2014

Idosos e Nós, no Brasil


Foi uma Páscoa diferente, no Brasil e com a família do Guilherme, sem procissões durante uma semana, sem visita da cruz, enfim diferente, mas igualmente bonita! Visitei as avós quase centenárias da família - ao contrário da minha jovem família europeia, as minhas avós só tem 65 anos, e os meus pais 45. Aquelas avozinhas de descendência alemã, tão frágeis, fizeram-me pensar na quebradiça realidade que assola a Europa, com uma população super envelhecida e que não vê tendência de abrandar. São como crianças, bebés frágeis que dependem de um adulto, dizem coisinhas que fazem derreter o coração, mas também coisas que não entendemos ou às vezes alguns rejeitam por acharem mau, incorreto, feio. Mas pobrezinhos, são só bebés numa pele encurricada e uma coluna torta. Para aqueles que ainda tem as avós vivas e perto, só desejo paciência, tranquilidade e respeito. São pessoas que como nós sofreram tantos traumas, e talvez mais violentos que hoje em dia. Como nós, passaram por guerras, crises, faltas, fomes. Eu tenho saudades das minhas avós, tanto, que me cresce uma culpa por dentro, e só estou fora de casa há 4 anos.

Eles merecem um troféu de paz nos últimos momentos das suas vidas. Precisam de amor, elogios, carinho, que lhes toquem na mão, no rosto, que digam que está bonita, cheiroso. São pessoas que sabem que a morte está perto, alguns mais conscientes que outros. São pessoas que vivem cada segundo como se fosse eterno, ou que vivem cada segundo como se fosse o último. Cada idoso já foi um adulto, tem uma personalidade única e um coração cravejado. Lembro que dependente do País onde eles se encontram há leis que até os protegem, mas quem os devia proteger sem sequer recorrer a lei nenhuma é a sociedade e a família. Sim, é fácil falar, temos uma vida célere, de 44 horas semanais de trabalho no Brasil, de duas horas de engarrafamento por dia, sem tempo nem para jantar em família. Eu sei. Mas temos de fazer alguma coisa! Temos de amar mais e ensinar quem não sabe amar, a amar sem medo! A ajudar sem querer nada de volta - porque um dia mais tarde, nós vamos ser os idosos de uma família grande ou pequena - e essa de ter filhos para cuidarem de nós quando envelhecermos é a maior mentira do século. Os filhos vão e alguns nunca mais voltam. Só queria com isto apelar por mais amor e respeito pelos idosos, que se lembrem que tantos deles são como bebés, sozinhos e à procura da mãe com a mamadeira na mão.

A nossa responsabilidade: Pensar em soluções, acudir, ensinar bondade. O meu pensamento está com as minhas avós lindas e de sotaque português - cheias de ensinamentos e filosofias do que é melhor ou pior. Transfiro o meu amor e pensamento para as avós brasileiras que conheci este ano, tão tão frágeis, e tão amorosas. 

Agora sim, Feliz Páscoa 

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
Estatuto do Idoso:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm

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